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O bolsonarismo está com os dias contados

  • Foto do escritor: Monique Prado
    Monique Prado
  • 19 de jul. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 23 de jul. de 2021

Texto: Monique Prado e Rafael Magalhães

Imagens: Rafael Magalhães


Policiais bloqueando o acesso de manifestantes que portam em frente a bandeira do partido político PCO


A Manifestação de 03 de julho foi multifacetada: várias frentes e com a participação de múltiplos atores sociais como trabalhadores, integrantes do Movimento Sem-Terra e dos Movimentos de moradia, além de diferentes partidos os quais foram se organizando ao longo da Avenida Paulista. Dada a dimensão crítica da política bolsonarista que estamos atravessando, o ato contra o governo juntou partidos antagônicos como o PSDB e o PT. Haviam muitas pessoas fazendo seus próprios protestos individuais de forma bem criativa. Bonecos saco de pancada com a imagem do Bolsonaro demonstram a insatisfação popular e a aversão ao Político. Também alguns atos com tom poético queimando dinheiro cujas notas continham a cara do Bolsonaro.


Notas de dinheiro com o rosto do Presidente Bolsonaro com tinta vermelha simulando sangue e um rapaz de tênis preto e calça jeans pisando nas notas.

Essas manifestações em massa não parecem que irão recuar tão cedo sem que haja algum resultado como o Impeachment ou pelo menos o enfraquecimento de Bolsonaro até as próximas eleições, pois a sociedade civil tem sido resiliente em se organizar para expressar as suas demandas.

De outro lado, se fizermos o recorte de classe, o que se percebe é a presença de uma parcela mais abastada da sociedade. A Maria que acorda às 05 horas da manhã e sai do Grajaú sentido Moema não estava presente. Todavia, esse movimento de autofagia representado por manifestações que ocorrem dentro de comunidades e regiões periféricas funciona como uma contrapartida às manifestações da Avenida Paulista transgredindo a ideia de que as bordas não são capazes de chacoalhar as estruturas.

Além disso, as manifestações dialogam com as pautas das redes sociais demonstrando como a internet pode ser a extensão de território político. O que se percebe é a dialética entre as ruas e as redes. Os cartazes, por exemplo, trazem insatisfações que estão nos trends topics do twitter.

De toda forma, de 2013 para cá as forças populares sofreram considerável amadurecimento político: das pautas quentes noticiadas pelo Jornal Nacional às CPI’s, o que se percebe é o maior interesse das pessoas na política, em razão do impacto na vida cotidiana do brasileiro que enfrenta situações como o desemprego, a fome, a alta inflação e a forma com a qual o governo vem lidando com a pandemia, especialmente com os escândalos de corrupção e um negacionismo anti-científico grotesco que enseja em movimentos antivacina. Inevitavelmente, isso gerou o descrédito, sobretudo internacional, de Bolsonaro.


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Diferentemente do governo Dilma, na atual gestão ainda há um agravante quanto às relações exteriores e a geopolítica, ou seja, Bolsonaro deu conta de enfraquecer não só as políticas internas de Governo como também as relações de Estado.

Se antes o bolsonarismo procurava berço na retórica de Trump fortalecendo-se em uma agenda difusa surfando na insatisfação popular, especialmente, na segurança pública, cujos traços totalitários aparecem na tentativa de tornar as policiais militares mais autônomas a fim de a cooptá-las a seu favor, no discurso de armamento da população e no aparelhamento dos Ministérios do Governo pelas Forças Armadas, hoje o seu projeto genocida tornou-se cristalino na condução da Covid-19.

Mesmo diante do enfrentamento de uma pandemia, onde o Brasil já ultrapassa meio milhão de mortos pelo coronavírus, as manifestações seguem a todo vapor. A sociedade civil e os atores políticos estão atentos ao termômetro antidemocrático desse Governo que gesta a necropolítica como o seu maior projeto, através de operações militares praticadas pelo Exército e pelas Polícias, tendo o controle estatal bélico de quem morre e quem vive. Por isso, o descontentamento com o governo é muito maior do que o medo do vírus mortal. Quando Bolsonaro, na condição de Presidente da República, vibra a morte de uma vida humana dizendo publicamente “mais um CPF cancelado” e faz reiteradas vezes gestos que simula arma ou quando ele fala que tem que eliminar adversários ou que minorias precisam se curvar à maioria, ele legitima e naturaliza a morte.


Uma moça de costas, cabelos longos, camiseta vermelha e uma blusa de frio com as cores da bandeira do Brasil, segurando uma placa "chega de necropolitica" em meio a manifestação.

As pessoas que estão nas ruas clamam pela eliminação do Bolsonarismo cuja principal característica é o discurso de ódio sobre o qual se encontra espaço em programas de TVs policialescos como Datena que banalizam a vida, naturalizam a morte e aplaudem execuções em rede nacional.

Com a guinada dos escândalos de corrupção diante dos desastrosos resultados desse governo, a pergunta é até quando o centrão bancará o Bolsonarismo?


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©2025 por Monique Rodrigues do Prado

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