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Ela tem sabor de magia

  • Foto do escritor: Monique Prado
    Monique Prado
  • 9 de dez. de 2021
  • 1 min de leitura

Em seu pior pesadelo, a língua percorria por toda extensão corporal com sofisticação e cuidado. O sabor era outro, a pele era outra.

Aquele olhar que lhe deitava sobre as curvas, agora não mais lhe pertencia e isso lhe provocava labirintite só de imaginar.

Nos tempos de florescimento quando predominava a primavera, isso não lhe ocorria.

Eles costumavam derrubar muros e incendiar o terreno. Brincavam com fogo por horas. Isso era o próprio relógio que denunciava.



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O calor no espaço era tão insuportável que faziam chover. Imagina, chovia em seu rosto até causar enchente. Ele sentia-se alucinado com todo aquele banho e saboreava as águas daquela chuva de verão.

Jorrar era uma das coisas que os dois costumavam fazer juntos. Eles desafiavam a linearidade do tempo.

O choque instantâneo de temperaturas entre o calor provocado pela pele e o frio provocado pela água causou-lhe estranheza porque a lua e o sol não costumam se beijar. Ele dizia que eles precisam ficar longe para que se haja equilíbrio.

Ele a repelia porque a luz dela lhe era insuportável para um coração de um quase vampiro.

Ele dizia coisas como: o seu lugar é perto do sol e o meu é perto da lua.

Ela não entendia para que tanta armadura se não há como brigar com a anatomia. A tônica, o acordeon, o violoncelo e o 150 BPM ritmavam aqueles dois corpos. Ele sabia dessa sinfonia.

Ela estava para lá de tonta, desnorteada. O que lhe ocorria era o pesadelo. Mas ela sabe que o seu sabor tem sabor de magia. É tomar das suas águas e pedir por mais.

Que não ele não se tome pelo vício.

 
 
 

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©2025 por Monique Rodrigues do Prado

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