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A raiva gera movimento

  • Foto do escritor: Monique Prado
    Monique Prado
  • 7 de ago. de 2023
  • 2 min de leitura

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Depois de horas de conversa com uma Juliana Capossoli, revisitei Audre Lorde falando sobre a raiva e queria dividir a aula que é esse texto:



Numa sociedade truculenta personificada na heroificação de homens brancos, na inércia de mulheres brancas em relação as violações de direitos de outros sujeitos, com destaque as mulheridades negras, indígenas e trans, a raiva é um dispositivo crucial para desarticular um sistema altamente repressivo, de forma a utilizar a fúria para produções de alianças que vá contra o silenciamento sistêmico da branquitude e devorar o pacto tão sólido que ela tem.


A raiva me fez tornar COMPLETAMENTE sujeita de mim. O racismo na branquítude gera culpa e entre nós gera alianças. Pois então a fúria é um resgate de memórias abafadas e criação de memórias inventadas.


Ao meu ver o brilhantismo desse texto de Audre Lorde é a sua capacidade de desvilanizar a raiva, pois se mulheres são jogadas a subalternidade dado todo um sistema estruturado pra retirar as suas subjetividades, é através da fúria que nos organizamos em rede.


Isso não significa que não sejamos produtores de milhões de outros afetos, mas o racismo é um sistema de poder (bélico e odioso) que quem não sente raiva, é porque se beneficia dele.


A raiva tem efeito criativo



Foi a raiva que deu conta de traduzir a minha dor, mas também foi ela quem me impulsionou para transformar a dor do meu peito em engajamento político no movimento negro e prestar atenção ao que outras vivências estavam dizendo do ponto de vista da denúncia mas também da criação. Ouvir as mais velhas, ler livros de pensadoras dissidentes, documentários, exposições, peças teatrais e o audiovisual alimentam essa sede por ver o que estava sendo pouco mostrado.


No fim do dia, o valor disso era ouvir e ser ouvida, pois a estética, a semiótica e o sensorial são fundamentais para nos tirar do efeito paralisante da raiva e usar a sua faceta de impulsionamento.





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©2025 por Monique Rodrigues do Prado

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