A liberdade do erótico
- Monique Prado

- 4 de fev. de 2022
- 2 min de leitura
Investigar a potência do erótico é libertador.

Audre Lorde nos ensina sobre o poder do erótico como algo que está intimamente ligado ao nosso campo emocional, psíquico e físico. O erótico é o contato com o que há de mais profundo nos nossos desejos. É pulsão. É subversão. É desejo. Erotizar-se é sair da armadilha do patriarcado e acessar a energia feminina, o lado criativo e puro que o corpo detém. Erotizar-se é conhecer-se. É transformar-se a partir de si para vibrar no coletivo.
A sexualidade é constância. Opera em si para depois estar na dimensão do outro.
Eu não posso vincular a minha pulsão aos desejos alheios porque sexualidade é movimento.
O corpo é só um pedaço da imensidão de outros sentidos. Quando eu me ponho a disposição dos cheiros, do toque, dos sabores e da escuta do que me traz essa pulsão energética do erótico, eu passo a me conhecer.
O outro é uma extensão do meu desejo. Se o aloco na condição de objeto, o erótico dá lugar ao controle, ao abuso, a fragmentação do ser.
O corpo sexualizado pelo olhar desse outro (opressor/abusador) é punido porque sabe desejar. Sabe onde mora o encontro de si, além de já saber sobre os próprios encantos e os aborrecimentos. O abusador atravessa o erótico porque é incompetente de acessar a si mesmo, por isso desestabiliza a completude do ser e tenta oprimi-lo.
Não há permanência nessa dominação a não ser que a erotização atenda os desejos de quem domina e quem é dominado de maneira que estejam na mesma frequência em sintonia recíproca.
O erótico quebra a dominação quando opera no campo institivo-consensual, de maneira a devolver para o campo material a metamorfose catártica da liberdade do próprio gozo, cuja fantasia vira transgressão justamente por transformar coletivo.
O gozo então sai do narcisismo patológico e passa ser um ritual coletivo.
Enquanto o corpo for a única plataforma de erotização, a sociedade estará em profunda dor pois apenas corpos hegemônicos terão autorização ao gozo.






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