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  • Foto do escritor: Monique Prado
    Monique Prado
  • 21 de mar. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 16 de jul. de 2023



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Acordei com o meu corpo dilacerado. É impressionante como a nossa resiliência afetiva nos faz esquecer o quanto o nosso corpo regenera quando estamos amando. Todavia, nessa atual conjuntura, depois de uma término, parece que um caminhão passou em cima de mim de ontem para hoje.


Estou segura, passando um temporada aqui em Minas onde posso chorar aos prantos.


Meu peito é uma mistura de nostalgia, dor e gratidão. Meu corpo transborda lágrimas.


Atravessamos um momento cuja alegria maior é estar viva. Eu ainda posso dizer que além de viva, pude pegar estrada e me esconder por um tempo. Minha cabeça fica desenhando coisas, verdades e mentiras, para tentar me proteger. Mas meu corpo é traiçoeiro e por mais que eu minta, eu não posso esconder o quanto eu estou magoada com essa situação toda.


Hoje de manhã fui fazer uma tapioca com queijo e preparar um chá. Algo tão corriqueiro. Ocorre que essa atividade tão singela era parte de um presente cotidiano de viver com o meu amor...

Nunca fui de acreditar nessas coisas, metade da laranja, blablabla. Sempre achei que amor é planta que você rega até germinar e depois gerar frutos.


Esse regar cotidiano me floresceu tanto que meu peito parece querer explodir quando caio na realidade que não compartilharemos essa vida.


Eu vivi um pedaço de mim tão profundo que a cisão é terrível agora.


Costumava fazer hora para saltar da cama. Enquanto isso, meu companheiro engolia o próprio mau humor e me presenteava todas as manhãs com um cheiro de café, pães de queijos quentinhos e tapioca. Eu sinto tanta falta disso.


Na verdade de toda a sua potência afetiva. Os seus carinhos percorrendo pelo meu corpo. As suas poesias destrambelhadas. Os seus abraços mais demorados. Os seus beijos mais profundos. Os seus sorrisos derretidos. Eu vi um amor cheio de ação, cheio de vida, pulsando entre o coração e atravessando estradas.


Eu digo com tanto pesar que não estou mais ao lado de quem eu achava ser o amor da minha vida...


Senti muito quando há algumas semanas percebi que a gente estava desistindo um do outro, vendo o amor descendo pelo ralo.


Tentei simplificar resumindo isso em preto e branco como são as nossas cores, mas não é verdade. Vivi um cintilante afeto e me sinto traída, apunhalada, triste por isso ter acabado assim tão momentâneo.


Me lembro de estar debaixo de um céu estrelado da noite de São Paulo. Fazia um calor. Nos beijávamos tão apaixonados como se todo o resto fosse conversa. Eu fui amaciando, me tornando mais mole ao dividir com ele dias e noites lindas como aquela. Um amor puro como o vento.


Mal a gente sabia. Aquela noite que começou estritamente doce, acabaria alérgica e decisiva para o fim da nossa história. Depois dali, nunca vi tanta frieza e racionalidade.


Me senti tão punida por algo que estava igualmente tão ferida...


A manutenção de um afeto não tem nada a ver com persuasão, técnica essa que não tem nada de desafiadora para mim enquanto advogada. Entretanto, amar enquanto ação é uma atividade relacionada com o poder de perdoar, encontrar em si ferramentas suficientes de auto-satisfação tal como, compartilhar o melhor e o pior de si.


Achei uma ironia de péssimo gosto do destino me colocar naquela sacada do Airbnb que encontrava-se hospedado a poucas semanas atrás justamente com a vista direta àquele grafite no Minhocão "Eu sabia que você existia" onde guardo uma foto de nossa primeira vinda a São Paulo juntos.


Se alguém me contasse que na iminência da gente por o plano em ação, o resultado seria isso eu não acreditaria de jeito nenhum.


Enfim... Não há nada a ser dito. De toda forma, conservo o meu amor de todo coração. Não te mando aquelas cartas quilometricas porque é super cafona, mas é verdadeiro.

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©2025 por Monique Rodrigues do Prado

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