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DDD de Marte

  • Foto do escritor: Monique Prado
    Monique Prado
  • 28 de jun. de 2022
  • 2 min de leitura

No samba de Dandara ou ao som de Jorge Ben, eu farejei você a longa distância. DDD Marte é de lá que eu vim e te conheci. Pousei nos seus braços e o meu mundo passou a ser cena de novela das 21h com censura. Tu me venda aos olhos, meu peito rasga de paixão. Isso é adicção. Meu corpo treme. Alguém me leve embora de mim? Vou dormir uns dias em Minas para voltar para mim. Corpo em abstinência. Girando anti-horário. Dizem que o oposto de amor é raiva.


Fanon não previu a dor da mulher de cor. Subestimou a nossa capacidade de organizar o afeto. Vai ver eu não entendi errado, apesar de ter me solidarizado com o rolê da irmã martinicana. Salvador Dalí. Salvador daqui. Quem me tira da minha adicção se não eu? Eu, o reflexo da imaginação, fui pega acreditando na subida da montanha de Sobonfu. Devo tê-la entendido errado. Tomei amor como antídoto. Bebi demais. Era veneno. Li demais. Racionalizei demais. Pensei demais. Chorei demais. Fico criando versões de mim na minha cabeça.



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Eu achava que ontem era amanhã. De repente tô presa no presente, ou melhor, investida no presente, vestida de presente, vestido um presente. Tô derretendo. Caindo no vão entre o trem e a plataforma e a mulher avisou. Eu quem estava desatenta. Escorreguei ilusão, falando portuinglês para ser compreendida quando nem sabia direito a linguagem, a faísca, os poderes e as amarras da sedução. Como dizem, vai brincando com fogo e acabar se queimando.


Minha mãe diria "Pois é minha filha a vida não é preto no branco". Não porque ela tivesse dizendo sobre o corpo cinzento que se forma nessa atmosfera, mas porque para ela a mistura é perigosa.


​​De todo modo, a próxima vez que alguém vier transitar no meu peito vou ter com ele antes. Lhe olhar por horas. Investigar. Ler a sua alma com bastante atenção as mensagens subliminares. Dar de esperta. Se vier com as segundas, já lhe dou às terceiras. Se vier de quatro que vem a rastejando. Vou ficar em primeiro. Por horas, como na viagem entre Osasco e Grajaú. Se achar ruim o choro é livre.


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©2025 por Monique Rodrigues do Prado

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