top of page

Não esqueça de onde você vem e lembre-se de onde você pode chegar

  • Foto do escritor: Monique Prado
    Monique Prado
  • 20 de abr. de 2022
  • 2 min de leitura

Eu nasci de uma mulher preta, Rosalva. Mas quem me presenteou com a vida foi na verdade a dona Silvia, outra mulher preta. Minha parceira e irmã de toda uma vida é também uma mulher preta, Ingrid. Quem pela primeira vez olhou para mim e viu potencial foi a tia Edilma que embora hoje já não esteja nesse plano, com tenra idade me escolheu como se filha fosse. Na mesma ocasião, ganhei uma amiga de longa data, minha xará Monique.



ree


Muitos anos depois, já no cursinho da PUC, era uma professora preta quem lecionava. Contudo, foi em 2017, após fazer a transição capilar e viajar a Salvador, o lugar mais negro fora do continente africano, fui agraciada com um banho de negritude em vários setores da minha vida intensificando a minha relação com outras mulheres negras. No Afronta Coletiva, Nara, Nathalia, Bea, Cintia, Vanessa, Jeniffer e Fernanda marcaram as suas vivências em mim. Naquele mesmo ano na Educafro, Silvia Souza, Roseli, Keitele, Letícia, Juliana e Esther foram as mulheres que me rodeavam na militância. No comitê de igualdade racial conheci as minhas irmãs Bruna Candido e Haydée Paixão, elas são as que choram e celebram comigo das pequenas às majestosas vitórias.


Ana Carolina Lourenço foi quem me disse "Preta, a gente pode ter tudo". Ouvir isso me deu um impacto físico e emocional tão grande. Nunca ninguém tinha me dito com tanta fibra que nós mulheres negras podemos estar onde quer que a gente queira estar. Isso é poderoso.


Patty Durães, Aza Njeri e Ana Paula Xongani me ensinaram sobre afrofuturo e afeto entre o nosso povo, coisas que já vinha lendo em Sobonfu Somé, Bell Hooks, Granda Kilomba , Lélia Gonzalez, Neusa Santos, Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo. As minhas terapeutas Tamires, Ana Paula e Carla foram mulheres que me permitiram olhar para dentro de mim e me enxergar para além das estatísticas a fim de me reconhecer como sujeito. Cada uma dessas mulheres me abraçaram quando eu me sentia profundamente sozinha. Elas compreenderam as dores mais intensas que nós mulheres negras atravessamos.


As Dras Elizabete e Claudia Luna são o que costumo brincar as minhas "mães jurídicas" que vieram antes de mim e abrem o caminho para a nossa geração ver que é possível estar e sem quem quisermos. A minha Heide de espírito inovador e aventureiro me ensina a desbravar sem culpa ou medo. À Maressa que me mostrou o que eu mesma não estava vendo. A Alessandra Lúcia, A Thelma e a Silvana que conjuntamente constrói uma visão de intelectualidade forte e emancipada do cenário branco-europeu.


Eu sou o reflexo de cada uma dessas e tantas outras mulheres negras que me deram amor de tantas formas diferentes . A cada mulher preta que se levanta e que chacoalha o status quo, o meu muito obrigada. Eu sou a esteira das nossas ancestrais. Essas mulheres são eixos, pilares, fundamentos de um futuro outro, de um futuro possível.

Comentários


©2025 por Monique Rodrigues do Prado

bottom of page