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O amor e o poder da liberdade

  • Foto do escritor: Monique Prado
    Monique Prado
  • 19 de jul. de 2023
  • 2 min de leitura

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Como é libertador pensar o amor como algo transitório, fluido, elástico, negociável. A indústria hegemônica nos empurra para um imaginário sobre amor que seja linear, ou seja, que nos leva um começo depois a um apogeu e tarda em um fim que precisa ser destrutivo/avassalador.


É como se o amor (do outro) fosse o único ponto de acesso subjetivo pleno. Um amor claustrofóbico que por causa de uma pretensa "cura" nos exige que a gente se funda no outro em um processo simbiótico em que só há salvação se tivermos a nossa "Alma Gêmea". Isto é, o outro passa a ser o símbolo da nossa elevação espiritual.


Infelizmente esse é um truque narrativo, estético e imagético tão bem contado que molda não só o nosso Imaginário coletivo sobre amor, como também nossos comportamentos, visto que essa forma de amor se torna um único caminho possível para sua existência plena.


Essa lógica atravessa as nossas projeções e idealizações e penetra o mundo material do amor, como se esse compilado de sentimentos e emoções "do outro" fosse a única experiência possível. Por isso, ser solteira nessa sociedade é sinônimo de fracasso e relacionamento é símbolo de glorificação, apesar das disfuncionalidades que estão dentro dessas relações.


Isso ignora a transversalidade do tempo que com muita sabedoria ora gira para frente, ora gira para atrás como um déjà vu ou um Karma ou que faz com que a gente retorne muitas vezes às mesmas situações para compreendê-las.


Existe um estimulo fantasioso na sociedade de que exclusivamente o encontro (romântico) com outras subjetividades te tornará importante. Isso é terrível porque aprofunda o sentimento de solidão, incompetência e frustração nas pessoas que esquecem de olhar para si primeiro antes de procurar qualquer coisa no outro.



A quebra dessa linearidade vem com a fruição do tempo/espaço a partir da aceitação do provisório, ora como um tecido que se desmancha. Quando Nina Simone diz que "Liberdade é não ter medo" ela nos ensina sobre o valor do trânsito para a concretização da nossa liberdade, já que não basta ter asas, é preciso saber voar.


Nesse processo de desterritorialização da linearidade passamos a dar especial atenção ao valor dos ciclos como um movimento espiral. Hoje não sou quem serei amanhã apesar de ser moldada pelo ontem, hoje sou passagem, curva, esteira, sujeita indeterminada que nas aletoriedades posso aprender com o outro.


Me fascina esses diálogos como um processo de aceitação da perenidade humana. Posso me desmanchar na catarse e me hidratar no movimento da vida.


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©2025 por Monique Rodrigues do Prado

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