Não é saudade, é banzo!
- Monique Prado

- 25 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de set.
Tenho pensado muito sobre como viver em determinado território afeta diretamente o nosso cotidiano, já que somos afetadas por aquilo que experimentamos no plano material e concreto.
Para os povos bantus não há diferença entre racionalidade, espiritualidade, subjetividade e emocionalidade. Depois que você sabe disso o seu corpo te provoca a negar a ocidentalidade que nos existe um corpo mecânico, forte e inquebrável. Ocorre que, depois do transatlântico os nossos corpos negros estão constantemente em busca da tal promessa de liberdade, emancipação e pertencimento.
Como organizar o nosso corpo em diáspora se o sequestro secular ainda produz efeitos no nosso cotidiano? Vamos dizer isso em outras palavras: será que não toca o coração de nossos governantes o genocídio negro em que mesmo crianças sofrem diretamente com a consequência do racismo? E o encarceramento em massa que leva homens negros para o abismo, uma experiência adoecedora de quase morte.
A revolta de nosso corpo que não consegue se organizar aqui parte da desterritorialização, ou da saudade de um território que jamais ocupamos, senão nossos ancestrais. Há um pedido de socorro em relação a nossa psique que se desarranja frente a um cenário constante de ameaças. Queremos nos conectar com essa sociedade, mas ela só nos proporciona raiva, angústia e medo.
Estamos cansados de sentir o gosto amargo da solidão. Estamos em busca de um corpo em expansão!!!
Eu tenho sentido o meu corpo em fuga, em disfunção, lutando para caber no campo adoecedor da vivência em diáspora, embora seduzida pelos próprios levantes internos.
De todo modo, sabendo de si, esse corpo responde ao cotidiano tentando encontrar sentido, uma busca perigosa mas necessária que te arrancar o sossego... Trás pressa, urgência!
Estamos tingindo o nosso corpo de cores vividas. Isso é necessário para abafar o medo do vácuo, desse território interregno, ínterim... Esse meio do caminho. Fazendo força para construir um corpo que se transmute pelo afago, presença, encantamentos, sem fingimentos.
Já não caibo em mar de cobras e sorrisos forçados. Estamos em busca de um momento outro que não chame milagre, mas ainda cabe aqui. Saímos da sombra para dar conta do banzo, descongestionar o peito e fluir em mar florido.








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