Da calamidade à calmaria
- Monique Prado

- 30 de dez. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de dez. de 2021

Durante essa travessia subjetiva tenho procurado estudar sobre imaginação, amor e negritude para dar base teórica a minha própria loucura.
A conjuntura muda, às vezes na calmaria, às vezes de forma avassaladora, às vezes abrupta.
Na esteira da vida tudo que não somos é cartesianos, lineares.
Somos onda. A gente vai e vem.
Diferentemente da imaginação e da minha negritude, onde as coisas se estabelecem de forma mais consistentes, ainda que complexas, no campo do amor tudo fica a cargo de fatores externos: às vezes um sonho perene, às vezes um estado de sítio. O gráfico sobe e desce entra a doçura e o campo minado.
Imaginação, amor e negritude tem o seu teor transgressivo. É como ouvir Nina Simone com aquele tom grave cantando belamente um piano e lhe arrancar um sorriso porque lhe abrilhantou o dia.
É preciso lembrar que a minha piscianidade avirginada tem sido potencializada agora aos trinta e nem só de teoria vive essa que vos fala.
O amor, por excelência, nos transforma no nosso melhor e nosso pior. Até o nosso oculto foca cristalino.
Um excesso.
Às vezes eu também encaixoto o meu orgulho.
Às vezes xingo palavras até então impronunciáveis.
Às vezes eu choro.
Às vezes eu brinco na cadeira de girar para reavivar o lúdico.
E tantas outras, eu falo por horas comigo mesma ou na terapia.
Transgressão, desobediência e movimento.
Eu conheço muito de mim, mas nem tudo.
Eu sei que estou sempre despida à luz do espelho e saúdo como o meu corpo vibra incansavelmente no desejo.
Um desejo pulsante, desejo de mim mesma que extrapola a carne e tem um viver aceso, sensorial e sinestésico.
Afinal, ninguém mascara o tempo todo.
A gente não mora no outro.
A gente se faz parasita, ecoa e vai... Feito onda!
Como disse Carolzinha, vão dizer que é complicado, é difícil, mas "a gente pode ter tudo".
É bom mudar essa chave porque nos negaram o mínimo por muito tempo agora chega.
É tudo nosso.






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